Cobertura: Mostra Panorama | Sessão 5

Texto: Janderson Felipe. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Mostra Panorama | Sessão 5

Uma sessão que inicia com filmes com homens no centro das suas narrativas, muitas vezes como um corpo estranho ao espaço presente, ou marcado pela solidão, seja no seu apartamento ou no local que marcou parte de sua vida no passado. Em seus dois últimos filmes a sessão dá uma virada investindo no cinema de gênero de uma ficção científica surrealista e em um thriller de vingança amazonense marcados por personagens que precisam fazer escolhas que mudarão suas vidas.

Milton Freire, um grito além da história, de Victor Abreu

Uma das discussões mais relevantes sobre a saúde mental no país, é a reforma antimanicomial que foi feita e ainda temos seus fantasmas para lidar, assim surge Milton Freire, sobrevivente de um manicômio durante boa parte de sua vida e dedicou sua vida pelo movimento antimanicomial, a sua presença em meio ao antigo manicômio em ruínas invade a tela quase como um cenário de guerra, onde não saberemos as histórias que ali estavam, um assombro pelo passado.

Você já tentou olhar nos meus olhos?, de Tiago Felipe

Corpo fragmentado por aqueles que subjugam seu olhar, aqui existe a dialética entre ser visto e ver, ou melhor a possibilidade de se ver em tela, reconhecer o seu corpo não como objeto em si, mas como a possibilidade de algo para além do que é dado a um corpo negro .

A pontualidade dos tubarões, de Raysa Prado

A fábula de um jovem que aguarda sempre chegar às 5h da tarde para receber uma ligação que muda sua rotina cheia de bicos, e o rompimento de se entregar ao mar para ter uma possibilidade de fuga, estão lá mas não entregam pulsão à tela. Acaba por ser um filme marasmo sem energia, onde a solidão e tédio são compartilhados com aqueles que assistem.

Babelon, de Leon Barbero

Ficção-científica que explora o excesso das comunicações virtuais no mundo contemporâneo cheio de lives, videochamadas e selfies, o filme propõe um mundo onde é necessário um diálogo constante com a máquina, a tecnologia nos suga até fazer da criatura humana seu boneco onde deve se moldar ao seu entorno. “Tudo é falso” porque nada ali é vivido em sua plenitude, o ser humano foi arrancado de seu habitat, vive para a máquina.

Enterrado no quintal, de Diego Bauer

Michael Mann é uma das principais referências dos filmes ditos thriller de ação, basicamente ele convencionou várias lógicas de filmes desses gêneros, uma marca de seus filmes é o azul compondo bastante da mise-en-scéne, aqui em Enterrado no quintal, o vermelho está para o azul de Mann, sempre presente no filme, seja nas luzes da cidade ou na roupa de Isabela, a vingança buscada por ela tem a periferia de Manaus como um labirinto por onde ela deve passar para cumprir o que estava guardado por anos.

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