Crítica: A Ilha Mágica (dir. Rafhael Barbosa)

Texto: Jacqueline Costa. Revisão: Leonardo Amaral

Árvores da margem

São as árvores que seguram os ventos, que dão sombra, abrigam animais e contribuem para a produção de oxigênio. Em algumas comunidades, o ato de plantar uma árvore depois que seu ente querido morre é um ritual, acreditam que as árvores estão mais próximas do céu tendo o poder de estimular energias, uma passagem ao desconhecido; são como poemas que a terra escreve sobre o firmamento.

A Ilha Mágica é como estar um barco afundando na margem, é estar em movimento e não sair do lugar, é ver os pingos da chuva em folhas, mas elas não se espalham. É quase impossível sair desse curta intacto. As águas no rio São Francisco não perdoam, são como tempestades de janeiro, e assim como a Mulungu que perde um pedaço do seu tronco nas chuvas, os rios também levam o pedaço de alguém.

Os estalos da árvore são como sinos, levam a você a anunciação de um ritual, de uma partida. Como um desenho da mão dizendo adeus e os pássaros dizendo ‘bem-vindos a sua ida’. O telhado de abandono é como se anunciassem a partida, deixando tudo para trás, e as árvores com nomes e anos são como admiração, como se as pessoas que têm seu nome ali se eternizassem.

Interessante que os artesãos locais, ao olhar um pedaço de tronco, veem curvas, silhuetas personificadas e transformam. É como se eles transportassem a energia das lágrimas que afundaram no rio e que vieram junto com os troncos. A Mulungu, que habita A Ilha do Ferro, tem um efeito medicinal: calmaria. Calmaria depois da tempestade, que desce o rio, fica a margem, transforma-se em algo que poucos veem: Homenagem.

Homenagem a Rodrigo Gomes

Análise Crítica do curta A Ilha Mágica
Filme da Mostra Especial – Filmes das Margens da 11ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano

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