Crítica: Ana Terra (direção coletiva)

Texto: Aermerson Barros. Arapiraca-AL Revisão: Larissa Lisboa.

Ana e Geni

Uma face sofrida, escondida por trás de uma maquiagem que torna a personagem em figura real e a figura real em personagem. As lentes sensíveis de um grupo de artistas e intelectuais captaram a Ana ainda não vista por uma população que por muitas vezes a ridicularizou.

Uma mulher antes de tudo inteligente, que trasborda sentimentos diversos e que não sucumbiu aos desejos vorazes da sociedade machista das décadas de 1980 e 1990. Viveu e sobrevive do grandioso coração carregado de incertezas, defeitos e qualidades que são inerentes ao ser humano, mas que em Ana se aflora acima de tudo com autenticidade, revelando no fundo uma mulher que muitas gostariam de ser ao menos por uma noite, que me remete a Geni e o comandante do poderoso Zepelim.

O Brasil de Chacrinha e de Dercy não teve o privilégio de conhecer esse furacão, quase um tornado, aliás, ela não deu atenção para os abacaxis e buzinas ensurdecedoras da vida, interpretou espontaneamente músicas de excelente bom gosto.

Ana foi afrontada pelo destino de forma brutal, porém era beijinho no ombro e vida que segue, apesar das almas sebosas que insistem em não as deixar.

Uma mulher afinada com uma vida desafinada, ela mesma deu tom e comanda a orquestra do destino. Como disse o poeta, “Quem Canta os Males Espanta”, ainda por cima cantando Joana, passando a Belchior, Mandona e Amy Winehouse. Um documentário que dá um tapa na cara da sociedade, belo, sensível e instigante.

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