Crítica: Benção (dir. Maysa Reis)

Por: Vitória Romeiro. Revisão: Tati Magalhães

Uma carta de amor para as nossas matriarcas

Na quinta-feira dia 07 de Dezembro prestigiei a abertura da 14° edição da Mostra Sururu de cinema alagoano. O curta-metragem que abriu a primeira sessão foi Benção (2023), de Maysa Reis, e logo me bateu uma saudade sua, voinha. Por isso, peço a benção à senhora e para todas as outras mulheres que vieram antes de mim.

Através do curta, relembrei todos os valores que foram ensinados e compartilhados pela senhora para minha mãe e consequentemente para mim.

Maysa nos apresenta suas duas matriarcas no documentário, dona Bernadete e dona Cecília, são duas mulheres com muitas histórias para contar, assim como a senhora. Acompanhamos a abertura do baú de lembranças de suas avós, embaladas por muita conversa e olhares nostálgicos em fotografias. Isso te lembra algo, vó? Acho que sim! Tivemos algumas tardes assim com essa mesma dinâmica, numa mesa de madeira espessa e redonda, onde eu também te perguntei: “O que você fazia nesta idade?”, “como constituiu sua família?”, “e se o que a senhora se tornou era o que realmente queria ser?”.

Em alguns pontos eu observei a semelhança de vivência entre todas vocês pela retratação, dos anseios, desejos, prejulgamentos e preconceitos da época. Estava tudo lá, quase todos muito iguais aos que um dia você me contou, sobre todas as barreiras enfrentadas por você e outras mulheres de sua geração, coisas que deveriam ser naturais e no tempo de cada uma se tornaram prioridade. E as suas prioridades individuais eram ceifadas pelo modelo social conservador que vocês se encontravam. Mesmo sendo muito nova, consegui entender e relembrar o valor ensinado a mim de mulheres tão fortes, corajosas e resilientes.

Em certo momento as histórias se entrelaçam e vi nós duas refletidas naquela tela enorme de cinema. Portanto, por meio desse espelhamento agradeço por toda a sua passagem e tudo que foi transmitido que ficou em mim.

Por onde quer que você esteja, saiba que hoje vivo por você e por todas as outras também.

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