Crítica: Colapsar (dir. Amanda Môa, Juliana Barretto, Luiza Leal, Mayra Costa, Reginaldo Oliveira, Renah Berindelli, Renata Baracho e Valéria Nunes)

Texto: Nathália Bezerra. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Corpos em lapso

O filme Colapsar conta com direção coletiva composta majoritariamente por mulheres (Amanda Môa, Juliana Barretto, Luiza Leal, Mayra Costa, Renah Berindelli, Renata Baracho e Valéria Nunes), e pelo bailarino e performer Reginaldo Oliveira. Trata-se de um filme  realizado no Laboratório de Videodança da Escola Técnica de Artes da Universidade Federal de Alagoas, no ano de 2019. Entre o experimental e o documentário, a experiência de corpo que o filme convida passa não somente pelo trânsito de vozes, mas também pelo movimento do centro da cidade de Maceió. 

O estranhamento de habitar um corpo, aqui, ganha um contorno por meio do qual as indagações, os comentários, as perguntas e os sussurros de quem presencia a performance presentifica a sensação de que é um filme que sobrevive por estar arrodeado de vida o tempo inteiro: e é nessa provocação que as cenas insistem.  

Sendo um corpo um colapso em si mesmo, é exatamente no des-encontro entre as vozes, os barulhos e sons da cidade e as passagens entre o tempo que constróem-se narrativas possíveis do que se tece em um corpo em colapso com o desconhecido. Ao provocar a curiosidade de quem passa na rua, provoca também em que assiste questões que se aproximam da tentativa de dizer: o que provoca um corpo em movimento? 

Um corpo que pulsa no centro da cidade, um corpo que dança e mais do que isso: um corpo que “fazendo o papel da morte” fala também de um corpo a pulsar e de corpos que já não pulsam. Há algo que só acontece e só se presentifica diante do outro, seja o sufocamento, o desconhecido, o estranhamento, o colapso. E se há choque possível do corpo com a cidade, é por uma coreografia do qual não há ensaio possível: não se repete e só acontece enquanto encontro ou passagem. Aqui, materializa-se um movimento de vida e de morte que coexiste diante do colapso ou do choque da linguagem com o corpo. E diante desse choque, dançamos sem coreografia e sem ensaio: o lapso resiste. 

Texto realizado como exercício da Weboficina de Crítica Cinematográfica

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