Crítica: Do Circo à Lona (dir. Claudkelves Alves)

TEXTO: Roberta Reis. REVISÃO: Tatiana Magalhães. Imagem: divulgação.

Olhos de Jaci – Um olhar possível sobre o filme Do Circo à Lona, de Claudkelves Alves

Um registro documental urgente e necessário, balizado por entrevistas que colocam os sujeitos no seio da narrativa, numa perspectiva que remonta ao crescente movimento “nada de nós sem nós”, o filme Do Circo à Lona propõe um mergulho ao universo desconhecido e invisibilizado do circo popular do Nordeste. Nesse sentido, traz consigo tanto a denúncia da emergência iminente vivida pela família circense em tempos de isolamento social quanto o registro de sua história e memória, pois é perceptível nos discursos de cada sujeita/o a importância da arte e do circo enquanto lentes que utilizam para ver o mundo, a perspectiva artística como orientadora e um lampejo de esperança para contornarem a crise e a precariedade nas quais estão emergidos no momento em que se dá o registro.

Ao utilizar o primeiro plano, nos leva a uma sensibilização profunda a partir de depoimentos emocionados dos idealizadores do circo, e tem o seu ponto máximo no depoimento de dona Jaciara, mãe, avó e líder da trupe que, com o seu olhar sensível, traz a memória de sua vida e da constituição de sua família entrelaçada com a existência do circo.

Em um discurso emocionado, permeado por olhos rasos d’água, a fundadora do circo África do Sul nos envolve, nos afeta e nos arrebata com a sua verdade. Não temos dúvidas de que naquele momento a empatia é o único caminho possível, a emoção dela chega a transpor o limite entre a tela (terceiro plano) e o nosso plano (quarto plano) podendo mover nossas águas e emoções em forma de lágrimas.

É perceptível que, para além do momento de crise, ainda se sustenta um tom de esperança entre os artistas sobre o futuro pós-pandêmico, na ânsia de retomar ao movimento circular de vida e arte circense, esperança essa que paira no ar em forma de liberdade e alegria em resistir e fazer o que se ama e acredita, a arte emerge na narrativa como a grande luz que segue a alumiar o caminho.

Be the first to comment

Leave a Reply

Seu e-mail não será divulgado


*