Crítica: Eu Me Preocupo (dir. Paulo Silver)

Texto: Roseane Monteiro. Revisão: Janderson Felipe.

O documentário do realizador alagoano Paulo Silver exibe imagens e sons de algumas temáticas complexas e inerentes aos seres humanos, como o fim do luto, o amor, a família e a mudança, ou seja, temas universais debatidos e representados na arte, contudo, o que diferencia este filme dos demais, é a coragem de Silver em inserir sua mãe, Jande Silver, e a si mesmo como vetores dessa narrativa.

O filme se inicia com tensão nas imagens, pouca luminosidade, permitindo-nos observar os espaços de maneira soturna; e que posteriormente na luz do dia revela Jande e o momento em que ela está passando através das imagens do cotidiano e da reforma do apartamento em que mora. Aliás, o filme se passa em boa parte no apartamento e há imagens de câmeras de computador e de celular, ditando o tom de registro.  A reforma caiu muito bem como uma metáfora ao estado de Jande, ao exibir o conserto das paredes, as alterações das cores, a compra do mobiliário; o documentário faz a alusão a ela, nos mostrando os seus desejos e o seu reencontro com o amor. Deste modo, Paulo Silver vai destrinchando, suas dúvidas e sua relação com a mãe.

Vemos Jande em primeiro plano, saindo do luto e desnudada para retomar sua vida amorosa e seus sonhos, todavia, friso que Paulo retrata muito dos seus anseios, suas problemáticas e faz do seu filme uma forma de lidar com todo o processo de mudança que está à espera. Eu Me Preocupo traz a sensibilidade, o aprofundamento e o amadurecimento de Silver consolidando a vertente dos seus filmes como autobiográficos e intimistas, vide Retina (2015).

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