Crítica: Furna dos Negros (dir. Wladymir Lima)

Texto: Ezequiel de Lima. Revisão: Chico Torres.

Furna dos Negros é um documentário que conta a história de quilombolas que, após uma longa batalha judicial, conseguiram o título das terras que tinham direito. Ao explorar essa história, o documentário mostra a simplicidade e a fé que é muito presente no local. Ao acompanhar a vida de dois quilombolas, é mostrado ao espectador o caminho que muitos negros escravizados trilhavam na época dos quilombos, apresentada uma caverna que é conhecida como Furna dos negros e que servia como esconderijo para os quilombolas.

Tendo em conta a história da escravidão no Brasil, o documentário, ao apresentar um lugar que foi e ainda é símbolo de resistência, é inspirador e tocante. É transmitido, pelas histórias de Gerson, o sofrimento que muitos negros passaram, o seu orgulho por ser um descendente quilombola e a afeição que ele sente pela caverna. Ao passar a câmera para duas senhoras, o curta fica emocionante, ao explicar o quanto uma delas se sente rica apenas por ter uma simples casa.  É posto em jogo o que é realmente o luxo, a desigualdade social e como ela perdura para certos povos durante o tempo. Ao voltar para o quilombola Gerson, é demonstrado o seu apego pelo folguedo, tradição de seu povo que ele não quer que caia no esquecimento e faz questão de manter viva e transmitir para seus descendentes.

Com a demonstração da fé, da resistência e de como o racismo ainda é presente, Furna dos Negros nos mostra um passado e presente sofridos, porém, ressalta o valor da resistência, de manter viva as tradições,  da luta pelos direitos e de como isso pode nascer de uma forma bem sútil, como por exemplo, de uma simples caverna que servia de esconderijo.

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