Crítica: Nazo dia e noite Maria (dir. Andréa Paiva)

Texto: Aermerson Barros. Revisão: Larissa Lisboa

Vida Nazo, Vida Marvada

Se existisse o prêmio aplausos, sem dúvidas esse documentário levaria o desta noite, não sei se por influência da presença na sala da figura real objeto do mesmo ou se pela pureza que o documentário foi conduzido, Nazo, dia e noite Maria, nos remete a tantas outras histórias que aos poucos vão se visibilizando por diversos fatores.
Nazo nasceu pobre em uma família que não compreendera a condição em que aquela criança nascera, cresceu e viveu na sociedade preconceituosa das décadas de 1950 e 1960, resolveu sair de casa da zona rural onde vivia para a cidade de Penedo, mastigou o pão que o diabo amassou, poderia não ter nem sobrevivido diante da maldade humana (hoje o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+), porém manteve a alegria, a coragem e o desejo de viver uma vida ainda que conturbada.
Vendendo amendoim em uma banca feita de caixa de verdura foi vivendo a vida que destoava do seu interior, resolveu ser ousado e se vestiu de beleza e poesia deixando trasbordar sua alegria e simplicidade, apesar dos olhares abismados dos passantes se perguntando talvez sobre a coragem de Nazo. Outros se sentiam afrontados diante de tamanha ousadia, fruto do mundo hipócrita que cresceu, e entre troncos e barrancos a vida seguiu; percebemos em suas falas uma alegria forçada, pois é reflexo do sofrimento que carrega da vida dura e impiedosa que teve, que talvez ainda não tenha percebido que não acabou.

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