Crítica: O poeta do barro vermelho (dir. Matheus Nobre)

O curta em questão trata de um tema de suma importância para não somente o povo alagoano, mas também brasileiro: a morte progressiva de um dos mais importantes rios do país.

O São Francisco é um dos maiores cursos de água da América Latina, sendo a divisa natural dos estados de Alagoas e Sergipe; é de conhecimento popular como o Velho Chico é a fonte de renda e o meio de viver de várias famílias nordestinas, sobretudo de pequenos produtores, agricultores e pescadores. Aqui, foca-se no último caso: Antônio Gomes dos Santos foi um pescador e poeta que, mais tarde, passou a ser um dos principais defensores do rio em escala nacional.

De maneira sutil e poética, nos é contada a história do “poeta do barro vermelho”, que largou os estudos quando criança, por questões maiores, e fez da pesca seu modo de viver. A animação é de traços simples, movimentos pendulares e cores vivas, construindo um universo de apreciação à natureza e àquele estilo de vida primário e feliz.

Nos é narrada a vida de várias pessoas dali, que vivem harmonicamente com o que a natureza lhes provém, até o momento que o desenvolvimento industrial começa a ser tamanho que o impacto ambiental é prejudicial. Problemas de assoreamento, poluição, diminuição do nível das águas e desequilibro no ecossistema são explicitados, ficando claro como tais fatores afetam diretamente àqueles que mais precisam da terra para viver e que menos recursos de se defender possuem.

Portanto, O poeta do barro vermelho é um sopro de alerta, um curta que nos aquece o coração com sua leveza e ao mesmo tempo nos angustia com suas verdades. É preciso atentar para o hiperdesenvolvimento não sustentável que afeta nosso país, nossa região e sobretudo nossas populações mais carentes.

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