Crítica: O Retirante ( dir. Tarcísio Ferreira)

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa 

Aqui. É o lugar que pertenço!

O filme  O Retirante (AL) dirigido por Tarcísio Ferreira é um dos documentários que compõem a Mostra Brasil do Festival de Cinema de Arapiraca. Este curta, em especial, foi um dos quais recebi como um presente. 

Ao contar um pouco de seu relato como artista, Jonhson Cavalcante nos fala sobre pertencimento. Um jovem que mora na zona rural de Arapiraca e passou boa parte de sua infância e adolescência trabalhando na roça com sua avó, foi atrás do sonho de se tornar reconhecido através da moda.

Esse sonho começou na casa onde morava com sua avó, mãe e tias, mas foi na maior metrópole do Brasil, especificamente na cidade de São Paulo, que esse sonho começou a tomar forma. 

Apesar de cortar o cordão umbilical para seguir atrás de seus desejos, o futuro de Johnson era incerto, mas ele queria aprender tudo que fosse preciso, para poder retornar à sua terra. 

Diferente da maioria das pessoas, Johnson queria voltar para casa e com seu conhecimento transformar o lugar onde morava. 

Quando falamos em partida, esquecemos da possibilidade do retorno, há sempre a insegurança de não saber como voltar, mesmo após ter fincado nossas raízes. Somos bombardeados e até desestimulados, mas quando reconhecemos o nosso lugar fica difícil se perder. 

Ao contar sobre seu processo criativo, Johnson traz para o presente momentos de sua infância e adolescência, e salienta que todo esse processo é muito solitário, pois depende do que ele realmente quer ilustrar. 

Temos ali, o relato da mesma pessoa sobre situações distintas. A primeira conta como uma criança se escondia por trás de panos para não ser reconhecida a caminho da roça e a outra é de um adulto que expõe sua arte  por meio de suas próprias ‘marcas’.

O percurso rebuscado por Johnson é intrínseco e faz parte do seu processo de consolidação como artista e de reconhecimento como ser humano. Além de salientar sua autoconfiança em relação ao mundo e ao lugar que pertence. 

Concluo este texto admirada, não somente por ter visto e ouvido um pouco da história de Johnson Cavalcante, mas também pela direção, roteiro, fotografia e montagem deste documentário que de maneira autêntica conseguiram costurar e evidenciar o relato do personagem.

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