Crítica: Segunda Feira (dir. Olga Francino, Iasmyn Sales, João Marcos Alves, Camila Alves e Leandro Alves)

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. Foto: Divulgação

Retrato do contemporâneo, o relato da feira livre que não vivi

O documentário Segunda Feira produzido por estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) é um retrato que me soa bastante familiar e ao mesmo tempo utópico. Sinto como se já tivesse ido lá, e agora o tenho apenas em minhas memórias. 

Recitado por sons, cantoria, cores, os espaços anunciados na feira livre mostram como a cultura da cidade de Arapiraca tomou um destino diferente daquele visto entre os anos 1960 e 2000. Por ali, onde a feira acontecia todas às segundas, passaram-se centenas de pessoas que vinham de diferentes lugares para conhecer uma das maiores feiras livres de Alagoas.

A realocação socioespacial dos feirantes não reduziu apenas o local de trabalho, mas também impactou na trajetória cultural daquela cidade. Como se sabe, o comércio e a urbanização conseguem com facilidade invisibilizar espaços de trocas sociais e culturais. O apagamento dessa memória é sentido na fala dos entrevistados, que dão pistas para se entender o silenciamento provocado pela descontinuidade da história da feira. 

Mesmo assim, eles relutam e estão lá com seus pequenos comércios, resgatando aquilo de mais bonito que viveram. Com simplicidade e dedicação, os feirantes revelam as dificuldades enfrentadas por aquele espaço que um dia foi lugar de felicidade. 

Quem diria que haveria alegria em plena segunda-feira? Pois é, o filme consegue nos fazer pensar em tantas partes de nossa história que foram esquecidas e que por vezes equivocadamente achamos justas, porque a facilidade e a mobilidade nos foi vendida de forma que devem andar lado a lado para se manter em paz com o contemporâneo.

Texto realizado como exercício da Weboficina de Crítica Cinematográfica

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