Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. Foto: Divulgação
Retrato do contemporâneo, o relato da feira livre que não vivi
O documentário Segunda Feira produzido por estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) é um retrato que me soa bastante familiar e ao mesmo tempo utópico. Sinto como se já tivesse ido lá, e agora o tenho apenas em minhas memórias.
Recitado por sons, cantoria, cores, os espaços anunciados na feira livre mostram como a cultura da cidade de Arapiraca tomou um destino diferente daquele visto entre os anos 1960 e 2000. Por ali, onde a feira acontecia todas às segundas, passaram-se centenas de pessoas que vinham de diferentes lugares para conhecer uma das maiores feiras livres de Alagoas.
A realocação socioespacial dos feirantes não reduziu apenas o local de trabalho, mas também impactou na trajetória cultural daquela cidade. Como se sabe, o comércio e a urbanização conseguem com facilidade invisibilizar espaços de trocas sociais e culturais. O apagamento dessa memória é sentido na fala dos entrevistados, que dão pistas para se entender o silenciamento provocado pela descontinuidade da história da feira.
Mesmo assim, eles relutam e estão lá com seus pequenos comércios, resgatando aquilo de mais bonito que viveram. Com simplicidade e dedicação, os feirantes revelam as dificuldades enfrentadas por aquele espaço que um dia foi lugar de felicidade.
Quem diria que haveria alegria em plena segunda-feira? Pois é, o filme consegue nos fazer pensar em tantas partes de nossa história que foram esquecidas e que por vezes equivocadamente achamos justas, porque a facilidade e a mobilidade nos foi vendida de forma que devem andar lado a lado para se manter em paz com o contemporâneo.
Texto realizado como exercício da Weboficina de Crítica Cinematográfica
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