Crítica: Sereia (dir. Ronald Silva)

Texto: Macio Amaral. Revisão: Chico Torres.

A homofobia tem diversas facetas. Nem sempre a agressão direta, física ou verbal é um retrato do preconceito, que pode muitas vezes se mostrar em falas e atitudes. Em contrapartida a isso, a cumplicidade entre irmãos, especialmente na figura da irmã mais velha, faz de Sereia um filme que instiga.

Durante a pandemia, Renato, um homem gay não-binário, se vê obrigatoriamente afastado da irmã e da sobrinha, e uma videochamada de rotina gera uma discussão familiar que parecia só precisar de um pequeno estímulo para vir à tona.

Em nome do casamento, a irmã diz que Renato poderia ser “má influência”, que é “difícil de entender” e que “não era preconceito”. Ela é confrontada por um Renato indignado com a violência vivida, exausto, mesmo que não o suficiente para não rebater. O diálogo dos dois irmãos poderia ser visto em muitas famílias e é uma verdadeira disputa de realidades e opiniões.

A maior parte do filme de Ronald Silva se passa dentro dessa videochamada, mas que não fraqueja por manter o ritmo das problemáticas trazidas na obra. Ainda assim, o filme escolhe ser encerrado de maneira esperançosa, ao trazer uma resolução em que ambos resolvem ceder em nome do amor e do relacionamento fraterno. É um retrato cotidiano sobre as complexidades familiares envolvendo uma figura LGBT que cumpre bem seu papel.

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