Neste sábado (16), o Graciliano Cine Clube apresenta a 1ª edição da Mostra Cinema Alagoano

Texto e reportagem: Vanderlei Tenório. Pauta: Vanderlei Tenório e Madson Costa

Neste sábado (16), das 18h30 às 20h40, o Graciliano Cine Clube apresenta na Associação de Moradores do Graciliano Ramos, a primeira edição da Mostra Cinema Alagoano. Em sua primeira edição, a mostra exibirá 3 documentários produzidos aqui em Maceió. Nesta edição, produções recentes estão em paralelo com títulos mais antigos. A entrada é gratuita.

Destaco que o conjunto de filmes escolhidos evidencia um desejo de olhar para Maceió e seus habitantes, propondo reflexões a partir de diferentes abordagens. Os títulos escolhidos falam não apenas do cidadão comum, mas também de segmentos e tipos sociais ignorados, formando um contexto de questões sobre o que é ser maceioense.

A palavra da vez é ‘democratização’. É muito importante que as pessoas tenham acesso ao cinema produzido localmente, para que se reconheçam na tela, para saberem que suas histórias estão sendo contadas e que elas importam. A diversidade precisa ser registrada, divulgada e vista.

Diante disto, a primeira edição da Mostra Cinema Alagoano do Graciliano Cine Clube surge com a missão de fomentar a produção audiovisual alagoana e busca a valorização do trabalho dos realizadores, cineastas e as narrativas da nossa região, criando assim um cenário propício para evidenciar as múltiplas faces da sétima arte alagoana.

A iniciativa e curadoria da mostra é do jovem escritor, colunista e poeta Madson Costa – autor do livro “Os Meninos da Parte Alta”, que marca sua estreia literária solo, através da editora Parresia.

De acordo com Madson Costa, a iniciativa busca fomentar este tipo de produção e oferecer novas oportunidades de inclusão social através do audiovisual, principalmente entre os jovens da região, fora que o intuito também é dar protagonismo a cena audiovisual maceioense, sobretudo, da parte alta de Maceió.

Nessa perspectiva, ao todo, a primeira edição da Mostra Cinema Alagoano do Graciliano Cine Clube, exibirá 3 documentários, são eles: “Corpo D’Água”, de direção coletiva, “Visão das grotas”, de direção coletiva e “Saneamento Trágico”, do cineasta e jornalista Zazo. O evento também contará com a palestra inicial “Por que ocupar os espaços?”, ministrada por Madson Costa, e o fechamento do evento será uma roda de conversa com Marina Bonifácio uma das diretoras do documentário “Corpo D’Água”.

A importância de fomentar novas narrativas e a urgência de espaços destinados para cultura:

“Sendo uma moradora da parte alta, eu passei muito tempo tendo que ir pra parte baixa pra frequentar espaços que me provocassem artisticamente e que me permitissem realizar trocas com outros agentes culturais. E, mesmo assim, é nítido o enorme esforço das pessoas que fazem esses lugares acontecerem, porque precisam deles. Se expressar acaba não sendo uma escolha e a busca pela melhor forma de se expressar é cheia de obstáculos, que também são financeiros e estruturais”, pontuo Marina Bonifácio em breve bate-papo que tivemos nas redes sociais.

“E apesar de toda a luta, ainda é mágico presenciar tudo o que as pessoas conseguem compartilhar com seus corpos, vozes, olhares e sensibilidades. E, quando falamos de lugares, estamos tratando de singularidades e de como é importante valorizar esses espaços únicos. Como diz Chimamanda, nós precisamos parar de contar uma história única e começar a ouvir as diversas histórias. Fomentar narrativas locais é dar espaço pra que as pessoas se vejam, se ouçam e se experimentem em espaços onde elas sejam as protagonistas”, reiterou Marina Bonifácio.

A necessidade de democratizar o acesso à cultura em Maceió:

“Acredito que criar acesso à cultura é o mesmo que fazer com que as pessoas conheçam a sua realidade, o lugar onde estão, de forma que se integrem nele, além de promover acesso a formas de cultura mais elaboradas. Assim, criando um espaço onde as pessoas tenham opções do que consumir enquanto cultura, e não apenas o que é difundido. Criar acesso à cultura é uma forma de mostrar que somos nós que a fazemos e que não precisamos sempre do auxílio estatal para criá-la, que iniciativas como a minha são importantes. Acredito que deveria haver mais iniciativas como essa, não só para o cinema, mas para a literatura, política e filosofia também. É importante para todos conhecerem o que é produzido aqui, que cinema não é só americano’’, ressaltou Madson Costa, organizador da mostra em breve bate-papo que tivemos nas redes sociais.

“Considero fundamental a criação de espaços para exibição e debate do cinema alagoano. Possuímos uma vasta produção cinematográfica com temáticas locais, utilizando linguagens e abordagens diversas, mas nem sempre essas obras tornam-se conhecidas pela nossa população. Portanto, penso que as iniciativas que envolvem o cinema alagoano nas periferias é também um ato de resistência, é uma busca de transformação das pessoas e da sociedade por intermédio da arte”, completou o jornalista e cineasta Zazo, diretor do documentário “Saneamento Trágico”.

Confira a programação completa:

Abertura:

18h30 – 18h50: Bate-papo “Por que ocupar espaços?”, com Madson Costa – autor do livro “Os Meninos da Parte Alta”.

Exibição:

18h50 – 19h00: “Corpo D’Água” (2018).

Direção: Aline Alves, Camila Moranelo, Dávison Souza, Elizabete França, Isadora Padilha, Ítalo Rodrigues, Marina Bonifácio, Marcella Farias, Maykson Douglas e Nycollas Augusto.

Roteiro: Aline Alves, Álvaro Matheus, Bruno Rafael, Camila Moranelo, Dávison Souza, Elizabete França, Fábio dos Santos, Isadora Padilha, Ítalo Rodrigues, Marina Bonifácio, Luciene Terto, Marcella Farias, Maykson Douglas e Nycollas Augusto.

19h00 – 19h30: “Visão das Grotas” (2020).

Direção: Agnes Vitória, Ewelyn Lourenço, Josias Brito, Letícia Cabral, Mariana Alves, Maysa Reis, Rafaela Oliveira, Tauan Santos e Wallison Fidelis.

Roteiro: Coletivo.

19h30 – 20h00: “Saneamento Trágico” (2018).

Direção: Zazo.

Roteiro:  Lutero Melo.

Fechamento:

20h00 – 20h40: Roda de conversa com Marina Bonifácio, uma das diretoras do documentário “Corpo D’Água”.

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