Por um momento eu pensei “o que estou fazendo aqui?

Texto: Fernanda Marques*. Imagem: Nathalia Bezerra

Escrevo esse texto, pois tenho a sensação de que muitas pessoas são como eu e compartilham dos mesmos sentimentos e conflitos internos! Esse é o momento de exteriorizá-los, sem medo do julgamento, sem receio de ser interpretada erroneamente! Esse é o meu texto, mas eu sei que ao ler querido leitor, você poderá entender de outra forma, com outra perspectiva… Afinal somos todos seres tão diferentes e únicos! Ao final você entenderá o porquê, ou talvez você já o saiba! Fique, leia até o final, você pode viajar em minhas palavras, mas espero que sinta minhas emoções entre as linhas. 

Por um momento eu pensei “o que estou fazendo aqui?” Com toda certeza eu era a pessoa que menos poderia contribuir com algo… Elas falavam bonito, pareciam falar cantando… (Tenho certeza que todos já estiveram em situações como essas, em que talvez nos questionamos se deveríamos realmente estarmos naquele lugar). Durante a oficina, enquanto eu assistia dois curtas, o sentimento, as dúvidas, os anseios surgiram novamente “O que estou fazendo aqui?”, “O que eu irei falar?”, “O que o diretor quer transmitir com esse filme?”, “Será que não falta mais tempo para fazer sentido?”. Por muito tempo assistir a curtas me deixava incomodada, com o sentimento de confusão e inúmeras incógnitas sobre os filmes. Me perguntava se os curtas não faziam sentido, ou se eu não tinha intelecto suficiente para entendê-los. Talvez essa barreira criada por mim ao longo de toda minha trajetória não permitiu que eu pudesse ver além. 

Nós estamos completamente imersos em uma cultura de filmes americanos, cheios de efeitos especiais e muita informação. Nós assistimos a filmes de romance, esperando que a moça termine o filme com seu amado, ou a filmes de ação em que esperamos pelo momento perfeito em que o vilão será vencido. Independente do gênero, durante a exibição desses filmes, nós estamos a todo momento, mesmo que inconscientemente imaginando o que irá acontecer na próxima cena, estamos acostumados com filmes com começo, meio e fim, filmes em que sabemos o que acontecerá ao fim. E quando nos deparamos com algo diferente… ah, não faz sentido. 

Foi durante uma conversa na oficina que eu pude compreender que não há nada errado com filmes de 4 minutos, filmes em preto e branco, filmes que não há falas, apenas o silêncio, ou barulho das ondas do mar, do vento, dos pássaros ou que seja. Assistir a curtas, não precisa necessariamente fazer sentido, pois cada um irá experienciar de uma forma completamente diferente. O mesmo filme assistido pela segunda vez, já não causará a mesma impressão e emoção. A experiência sempre será única e talvez indescritível, nos fará lembrar de histórias do passado, de um momento simples lavando louça, brincando com amigos ou qualquer outra lembrança. Ele nos permitirá viver novamente essas memórias, envolvendo nossas emoções. 

Durante a oficina eu ouvi uma frase “depois que a história é contada, ela não nos pertence mais e sim a pessoa que ouviu”, e assim é também com os filmes. O diretor poderia estar conosco em uma roda de conversa, e nos dizer o objetivo do filme, porém ele jamais poderia controlar como experienciamos o filme. A nossa bagagem, nossa vivência e o quão estamos abertos para o novo, isso sim, irá determinar como iremos viver e experienciar o filme… talvez você possa não entender 100%, mas com certeza algo irá te marcar.

*Fernanda Marques foi aluna das oficinas “Chamada Aberta Alagoar” (ministrada por Larissa Lisboa) e “Corpo e Imagem” (ministrada por Wanderlândia Melo), realizadas pelo SEBRAE Alagoas no Circuito Penedo de Cinema.

Be the first to comment

Leave a Reply

Seu e-mail não será divulgado


*