Relato sobre a II Mostra Quilombo de Cinema Negro

Texto: Larissa Lisboa.

Estive na Mostra Quilombo de Cinema Negro em 2019 mas não pude acompanhá-la do primeiro ao último dia. No entanto, mesmo para quem pouco acompanhou, era perceptível a celebração, o engajamento e a relevância daquela ação realizada pelo Mirante Cineclube no Centro Cultural Arte Pajuçara.

Compreendi que devido a pandemia de Covid-19 o cenário para realização da segunda edição da Mostra Quilombo de Cinema Negro passou a ser incerto. Muitas ações e eventos não foram realizados em 2020, ainda não consegui dar conta de quantos, devido a dificuldade e desgaste em tentar acompanhar o volume de ações e eventos que passaram a ser repercutidas e realizadas em formato online.

Vislumbrar o lançamento da convocatória para inscrições da II Mostra Quilombo de Cinema Negro deixou o meu coração alegre e ansioso em acompanhar o que veio a ser realizado pelo Mirante Cineclube em novembro.

Pude acompanhar quase todas as transmissões, assisti aos filmes e debates com realizadores da Mostra Quilombo, principalmente por ela ter sido realizada em formato online. Confesso que não terminei de ver todos os debates ainda, e que havia assistido alguns filmes em outros eventos.

A abertura na sexta (20) foi realizada através da Mesa da curadoria, momento generoso e potente, em que os curadores Rose Monteiro, Beatriz Vilela, Janderson Felipe e Lucas Litrento falaram sobre o processo que vivenciaram na construção da curadoria desta edição. Também apresentaram uma análise das inscrições e seleções por estado, raça e gênero. Foi um dos passos na jornada de dedicação, escuta e entrega que embalou essa segunda edição da Mostra.

Não assisti às sessões como estivesse vendo no cinema, mas gostei da liberdade de assistir aos filmes na medida que eu podia. Senti que os nomes das sessões despertaram o meu interesse para os filmes, sem estimular um encontro específico, por apresentarem e representarem leques de possibilidades.

A pandemia de Covid-19 provocou a priorização por diálogos e encontros virtuais, mas também o registrar e compartilhar de encontros e diálogos virtuais. Assim quando vi os debates, tête-à-tête, entre os realizadores e os curadores da II Mostra Quilombo de Cinema Negro, compreendi o valor de poder ter acesso àqueles momentos, a potência em compartilhá-los e saber que poderei revê-los daqui algum tempo.

Senti a vibração de viver uma mostra ímpar, de poder escutar, ver e aprender com pessoas negras sobre os seus cinemas. A mesa sobre a participação negra no cinema alagoano foi uma das vivências mais intensas que pude sentir esse ano, graças a reunião de Janderson Felipe, Ticiane Simões, Ulisses Arthur e Wanderlândia Melo. Refleti sobre a trajetória deles, senti suas presenças e tentei entender além da minha branquetude. Fica o desejo de que todes apreciem e incentivem o cinema negro, por isso faço questão de copiar a lista dos filmes abaixo. E aguardo mais edições da Mostra Quilombo de Cinema Negro.

Cavalo, dir. Rafhael Barbosa e Werner Bagetti – AL (Filme de Abertura)

Sessão Rastros

Cajá dos Negros, dir. Israel Oliveira – AL

Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé, dir. Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra – RJ

Princesa do meu lugar, dir. Pablo Monteiro – MA

Ser Feliz No Vão, dir. Lucas Rossi – RJ

Socialights | Jorge Lafond, dir. Noah Mancini – MG

Tudo que é apertado rasga, dir. Fabio Rodrigues Filho – BA (filme convidado)

Sessão Afluências

Ditadura Roxa, dir. Matheus Moura – MG

incêndio, dir. Grenda Costa – CE

Live, dir. Adriano Monteiro – ES

marvin.gif PART II, dir. Marvin Pereira – BA

Pattaki, dir. Everlane de Moraes – CU/BR (filme convidado)

Você Já Tentou Olhar Nos Meus Olhos?, Tiago Felipe – PR

Sessão Devir

Estação Aquarius, dir. Fernando Brandão, Flávia Correia, Jairis Meldrado, Levy Paz, Rayane Góes e Ticiane Simões – AL

Faixa de Gaza, dir. Lúcio César Fernandes – PB

Meninos Rimam, dir. Lucas Nunes – SP

Mwany, dir. Nivaldo Vasconcelos – AL (filme convidado)

Perifericu, dir. Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira – SP*

Receita de Caranguejo, dir. Issis Valenzuela – SP

Saneamento Trágico, dir. Zazo – AL

Sobre Larissa Lisboa
É coidealizadora e gestora do Alagoar, compõe a equipe do Fuxico de Cinema e do Festival Alagoanes. Contemplada no Prêmio Vera Arruda com o Webinário: Cultura e Cinema. Pesquisadora, artista visual, diretora e montadora de filmes, entre eles: Cia do Chapéu, Outro Mar e Meu Lugar. Tem experiência em produção de ações formativas, curadoria, mediação de exibições de filmes e em ministrar oficinas em audiovisual e curadoria. Atuou como analista em audiovisual do Sesc Alagoas (2012 à 2020). Atua como parecerista de editais de incentivo à cultura. Possui graduação em Jornalismo (UFAL) e especialização em Tecnologias Web para negócios (CESMAC).

Be the first to comment

Leave a Reply

Seu e-mail não será divulgado


*