Crítica: Jiripancó – Escola do Nosso Eu (dir. Aldemir Barros)

Texto: Edilma Gomes. Revisão: Tati Magalhães

Indígena: Resistência e força

O documentário relata a vida da tribo indígena Jiripancó, em um cenário natural grandioso de cores, sons e bastante movimento. A primeira cena do filme mostra o povo Jiripancó num ritual caracterizado com seus figurinos imponentes, músicas e dança em círculo, numa velocidade ritmada. Um verdadeiro espetáculo. Às margens do palco,  os telespectadores mantendo a devida distância, com um sentimento de curiosidade e respeito ao mesmo tempo. Começo então a pensar diante daquele impacto inicial :  “mais um clichê“, daqueles que pontuam o indígena como ícone cultural de uma sociedade dogmática e excludente. 

À proporção que o filme avança, vem a desconstrução do típico índio protagonista dos livros de história, substituído pelo índio humano, sujeito a toda problematização ético-cultural, de uma sociedade capitalista, que se alimenta da exclusão dos mais vulneráveis. Os depoimentos dos educadores expõem que a base da educação é a recuperação de memórias históricas que reafirmam a identidade indígena. 

Registros de imagens ora perto, ora longe. Do alto, um amplo espaço, revelando a vastidão e a complexidade da sociedade contrastada com a limitação de espaço dado ao indígena. 

Sendo assim, ao final do filme,  a primeira palavra que verbalizei foi “força”.  Com suas pisadas firmes e barulhentas, os personagens e a iconografia da filmagem mostram a necessidade de luta e liberdade através do resgate ancestral e de uma luta de inclusão social continuada. 

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