Cobertura: Filmes alagoanos na 6ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental

Texto: Larissa Vanessa. Revisão: Larissa Lisboa. Fotos: Paulo Silver.

O primeiro dia da 6ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental (26/11), do Circuito Penedo de Cinema, apresentou seis curtas metragens, dentre eles três alagoanos. A visão sobre os problemas ambientais apresentados nos curtas alagoanos ressaltaram um problema uníssono, o abandono dos rios e lagoas através de um processo de urbanização. Discorro a seguir sobre esses três filmes alagoanos, que ressaltaram momentos diferentes dentro desse processo.

Maykson Douglas (Corpo D’água) e Tarcísio Ferreira (A Margem).

A Margem (dir. Tarcísio Ferreira), filme arapiraquense traz um momento de conflito entre moradores – que possuem relação direta de sobrevivência através da pesca no Lago Perucaba – e a tentativa incisiva da mudança da comunidade do local, um cenário que se associa ao processo vivido pela vila dos pescadores de Jaraguá (Maceió-AL) e a relação do ser e do espaço, que possui além da subsistência, elementos afetivos, o término do curta com o outdoor de vendas das terras enfatizando ser a compra uma “Grande Jogada” só mostra a relação distinta dos que  vendem o terreno como mero pedaço de chão, que dá lucro.

A sequência dos filmes permitiu um salto de imersão em uma lagoa que exprime seu gemido e explica o processo que lhe foi imposto, Corpo D’água (dir. Aline Alves, Camila Moranelo, Dávison Souza, Elizabete França, Isadora Padilha, Ítalo Rodrigues, Marina Bonifácio, Marcella Farias, Maykson Douglas e Nycollas Augusto), vem num balanço cativante mostrar uma urbanização que agride uma água que é viva. “Sururu não é pensado ele é comido”, a lagoa é subsistência, e o processo de pensar uma relação distinta é algo construído e com fins objetivos.

A finalização da tríplice Alagoana da sessão se deu com O Poeta do Barro vermelho (dir. Matheus Nobre), que ao falar de Penedo, cativou ainda mais a atenção do público, quase inteiramente constituído de adolescentes e crianças de escolas públicas da cidade, a crítica narrativa do filme feita com beleza de traços e rimas, torna ainda mais visível o sentido uníssono dos curtas Alagoanos exibidos nesta sessão, o ser e as águas possuem uma relação que existia natural, mutuamente, e que se perdeu através de uma tentativa de um processo de crescimento urbano que agrediu e quebrou relações.

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