Cobertura: Mostra Foco – Série 1

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Mostra Foco- Série 1| 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes 

A Mostra Foco é uma das mostras competitivas exibidas na 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Neste formato, a mostra exibe 13 títulos, divididos em três séries.

A primeira série de filmes teve sua estreia no dia 24 de janeiro e exibiu cinco curtas. Dois produzidos em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e um no Ceará. A mostra contou com a curadoria de Camila Vieira, Felipe André Silva e Tatiana Carvalho Costa.

Lázaro abre a série de curtas desta sessão, dirigido por Bertô, o filme encena a passagem da Bíblia Sagrada sobre a morte de Lázaro.

Neste curta, que foge da estética habitual, Jesus aparece como um homem negro que atravessa a Judeia para trazer de volta à vida seu irmão Lázaro, este já estava morto há quatro dias. Suas irmãs lamentavam a perda junto a Jesus, mas aceitaram provar sua fé.

Quando Jesus traz Lázaro de volta à vida, as pessoas passam a entender qual foi o motivo de sua morte. Para quem vive da fé, Lázaro não tinha morrido, estava apenas em um sono profundo e Jesus o acordou, o chamou para fora, realizando assim mais um de seus milagres.

No filme Iceberg, o diretor Will Domingos nos leva a pensar sobre a forma que a pandemia da Covid-19 atingiu uma comunidade LGBTQIA +.

Nesse cenário, conhecemos um pouco da história de Renê, que carrega em seu olhar uma mistura de ódio e raiva, sentimentos que ele usa para afirmar que não tem coração. 

Na verdade, é que em meio a pandemia, Renê passou a sofrer com as incertezas sobre a vida de sua mãe e com o desprezo do pai. O que o levou ao desespero e o desespero o levou à fuga. Mesmo com tantas coisas não ditas, o pai encontra na casa onde a família morava, uma carta de Renê, explicando o motivo que o fez ir embora.

O que tinha escrito ali fez o pai procurar seu filho e este voltou para casa na certeza de que encontraria sua mãe novamente. Ele deixou mais uma vez para trás tudo que construiu em paz e com união retornou para um mundo de incertezas e preconceitos. 

Sem saber o que o aguarda, Renê se vê sozinho novamente. A culpa e a raiva tomam conta daquele espaço, o que Renê não espera é um pedido de socorro de seu pai. 

O curta Ingra, dirigido por Nicolas Thomé Zetune, é um filme confuso, traz um misto de culpa cristã e fé abalada com ganância e medo. 

Andando pelas ruas da cidade, Ingra se apresenta, ela era jovem e carregava macarrões de piscina em uma sacola enorme.  Desatenta, ela caminha pelas ruas e se depara com um senhor que lhe entrega uma carta com um peixe morto gosmento dentro, aquilo tinha algum significado para Ingra. 

Ela segue seu caminho e ouve notícias sobre uma seita religiosa que compra bebês recém-nascidos para fazer rituais. Eles pagam um valor altíssimo para quem entrega as crianças. É nesse momento que Ingra percebe o que fez e tem que lidar com o medo e a culpa.

Ela vive vários conflitos, se sente perseguida e decide seguir em frente, a personagem sofre e vive em um estado de culpa que a paralisa. 

Com ajuda de uma amiga, Ingra tenta resolver o problema e então tudo começa a fazer sentido, o único dilema é que enquanto juntamos as peças, elas somem como poeira no ar. 

Prosopopeia, de  Andreia Pires, é lindo, colorido e se faz em poesia. O curta cearense é sem dúvidas um dos mais bonitos dessa série. 

O filme se apresenta como quem nada quer e parece ter sido gravado em uma manhã de carnaval, na qual tudo está confuso mas as coisas ainda fazem algum sentido. 

Conhecemos Coralina, Valentina, Balbina, Godofredo, Cosma, Damiana, Margarida, Erandir e Ariel, esse grupo de artistas vivem seus delírios e fantasias, parecem estar sempre preparados para um espetáculo e contam suas histórias através de músicas e rimas. 

Cantoria vai e cantoria vem, ficamos fascinados com a singeleza de cada traço e como o espaço foi pensado para nos acolher como uma peça de teatro que nos prende desde o começo até o fim. Somos convidados, queremos comprar o ingresso, mas desse lado da tela vemos os personagens criando suas roupagens e suas falas. Enche os olhos de quem os vê seguindo seus sonhos.

Bicho azul de Rafael Spínola é comovente e até um pouco triste, gosto de pensar que em algum momento seu animal de estimação irá aparecer e fazer aquela saudade diminuir pouco a pouco. 

Nesse curta, temos Rafael escrevendo um e-mail sobre seu cachorro chamado “Bicho Azul” que tinha morrido há alguns dias. O que mais chama atenção nesse enredo são as palavras que Rafael usa para descrever a saudade que o ‘bicho’ faz e o melhor é que ficamos na dúvida se esse e-mail vai ser enviado para algum ex ou se só vai ficar no rascunho da caixa de e-mails.

Rafael deixa claro como se sente com essa perda e faz questão de lembrar que tudo acaba, menos o fim e as coisas não param de continuar. Acho engraçado assim como Rafael, pensar que seria possível juntar todas as partes soltas de algo e construí-lo novamente. Afinal toda história de amor é uma história de fantasmas.

Acompanhe a 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes on-line pelo site.

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