Cobertura: Mostra Navi – Programa 01

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa

Cobertura da Mostra Navi – PROGRAMA 01: VIRADOR

A primeira sessão da IV Mostra Navi é composta por cinco filmes, que a princípio parecem ser bem diferentes uns dos outros. Não é o que costumamos ver em mostras de cinema nacionais e regionais, que, muitas vezes, baseiam a mesma temática para construir as sessões. Acredito que a curadoria acertou ao escolher os filmes e durante suas exibições somos levados para lugares distintos, mas com enredos bastante parecidos.

O filme que abriu essa sessão foi Laroyê (SP) dirigido por João de Santos e Vitor Cachoeira. Este curta é  uma ficção bastante comovente que nos convida a pensar como o mundo que vivemos é violentamente capaz de nos afastar das crenças que nos foram ensinadas durante a infância.

Logo nos primeiros minutos do filme, percebemos o quanto o personagem principal está inquieto e desatento, parece que está perdido no tempo. Alguns instantes depois descobrimos que esse sentimento foi despertado pela perda de sua mãe e ficamos ali parados, assim como ele, tentando buscar respostas para tantos desencontros. 

Sem saber ao certo o que procurar e perdido em suas próprias confusões, o personagem se encontra em uma biblioteca, onde o mensageiro o aguarda com um recado que mudará sua vida e o fará despertar para o que lhe foi roubado pelo cotidiano. Sua fé. Com muita sabedoria, sua vida se reconecta com a de sua mãe, que mesmo estando em outra dimensão continua cuidando dele.

O curta Estática (SP) dirigido por Gabriela Queiroz é uma ficção que em 12 minutos consegue nos fazer rir e chorar com a personagem solitária. A chamo assim, porque se trata de uma recepcionista que vive em busca de construir amizades no trabalho. Essa possibilidade fica cada vez mais distante depois que ela sofre uma descarga emocional durante um cochilo pós-almoço no refeitório da empresa.

Após esse cochilo, ela acorda completamente atordoada e como se não bastasse, a solidão, ela estava com uma doença chamada “Estática” tudo que ela tocava era eletrocutado de alguma forma. Seu corpo estava passando uma energia fora do normal e a única pessoa que se dispôs a ajudá-la foi o faxineiro do prédio, que em pouco tempo ganhou a amizade da moça. Eles se tornaram bons amigos e apesar dos impasses dessa trama muito louca, percebemos que ninguém é 100% normal.

Tá Foda (RS) dirigido por Aline Golart, Fernanda Maciel, Denis Souza, Icaro Castello, Lígia Torres, Victória Sugar, é o filme mais curto desta sessão. Chamado pelos diretores de esboço documental, temos várias super colagens que ganham forma ou se deformam ao longo dos quatro minutos do filme, como uma crítica veemente ao sistema de recursos destinados às pesquisas nos institutos federais brasileiros. 

Os cortes nas verbas para o ensino público, é uma prática comum no Governo de Jair Messias Bolsonaro (atual presidente do Brasil). No filme, vemos uma pesquisadora, que precisou mudar sua linha de pesquisa por falta de recursos e foi obrigada a se adequar a um sistema totalmente capitalista e segmentado por empresas privadas.

As Três Espiãs que Sabiam Demais (SP, RJ e MG) dirigido por B.N.L. e Letícia Gaio foi um dos filmes que mais quis assistir desde o início, no entanto, apesar de ser fã da animação “Três Espiãs Demais”, o curta deixou a desejar por não apresentar uma conclusão, deixou tudo muito solto e apesar de despertar a imaginação, acredito que ficou  faltando alguma coisa.

A estética da trama é linda, não pude deixar de reparar no desenho na parede do quarto da Alex, que por incrível que pareça, foi a personagem ‘substituída’ no enredo do filme por uma espiã ultra secreta de outro universo. Aliás é disso que o filme fala, sobre um evento cósmico que alterou a realidade e trouxe invasores de outros mundos para a terra.

Sem saber que as espiãs Sam e Clover tinham percebido que a Alex estava diferente, a outra espiã segue tentando se reafirmar na trama, adoraria saber como foi que ficou depois disso, se Sam e Clover conseguiram desmascarar a vilã ou se continuaram sendo enganadas.

O último filme dessa sessão é Vamos Ficar Sozinhas (AL), dirigido por Leonardo Amorim. O curta é uma ficção de 18 minutos que se passa em uma festa de reencontro de “amigos” do terceirão. 

O enredo traz Elis e Luiza como personagens principais. Elis é lésbica e se sente mal por ter “assumido” sua sexualidade e acredita que de alguma forma esse foi estopim para a separação de seus pais. Já Luísa vive em um relacionamento completamente tóxico. O que ela não sabe ou não se deixa saber é sobre o amor que Elis tem por ela. 

As amigas se reencontram e se reconhecem na trama. Além da ambientação, as cores escolhidas para o filme são lindas. O curta se constrói com diversos diálogos e músicas. Tudo nesse curta é intenso o suficiente para prender nossa atenção do começo ao fim.

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