Crítica: À Sombra do Vírus (dir. Fabinho Oliveira)

Texto: Matheus Costa. Revisão: Leonardo Amaral

O “novo” normal

O curta-metragem À sombra do vírus narra as consequências do “novo” normal. Um tempo marcado pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde: o uso de máscara, lavar as mãos com frequência e o isolamento social. Marcelo, protagonista do filme, sofre os efeitos deste tempo de incerteza, ansiedade e falta de recursos simbólicos. O limite entre o real e o imaginário estão indefinidos na obra.

Marcelo chega em casa, prepara-se para tomar banho, e a partir desse momento o filme começa a criar um clima de terror, seja nos sons ou nos planos. O clima de tensão vai crescendo, fundamental para o espectador penetrar no curta. Até que a máscara que, aparece sem explicação, essa que tem um valor de terror no curta-metragem, mas também essencialmente cômico, em decorrência de ser um item necessário no “novo” normal. Não há um grande susto. O protagonista simplesmente guarda a máscara e continua normalmente. A falta de um grande susto do personagem reflete o que será o resto do filme.

Os meios de comunicação são os principais responsáveis pelas informações sobre a pandemia, porém, será que há um limite entre informar e super informar, criando uma histeria coletiva? Marcelo liga a tevê e em todos os canais existem informações sobre o vírus, sobre os sintomas, como surgiram e a quantidade de pessoas mortas. O sinal da fadiga psicológica que a pandemia nos acarretou é representado nas máquinas – acendendo e apagando – exibição certeira, visto que, as máquinas (celulares, computadores, entre outros) estão presentes no cotidiano pandêmico. Não só estas, como também o uso de remédios.

Em tempo de pandemia, até o sono vira pesadelo. Às vezes, é necessário o uso de remédio para dormir. Mesmo assim, Marcelo mexe para um lado, mexe para o outro. Tanta necessidade de criar hábitos novos nos deixam sem ar. Até no momento de pleno descanso, a sombra nos assombra. O sonho é uma expressão deste tempo conturbado, um pesadelo nos mostra como o esgotamento simbólico causa paranoias em um contexto pandêmico: quando as informações não cessam, quando somos relembrados da necessidade de prevenção.

O curta-metragem tem uma proposta concisa e simplória, que vai brincar com os extremos para construir uma unidade narrativa. E a partir disso, adicionar um clima de tensão que vai progressivamente até o clímax, com um final insatisfatório, em virtude da ótima construção de um ambiente de medo, que resulta em nada. O demérito está no final, pois a proposta de criar um clima de suspense não se mantém até o fim. E seu mérito está nas provocações. Afinal, o que seria uma sombra de um vírus?

2 Comentários em Crítica: À Sombra do Vírus (dir. Fabinho Oliveira)

  1. Michelangelo desistiu de ser escultor pois nunca conseguiu esculpir feições tão perfeitas como as de matheus costa

    [* O plugin Shield Security marcou este comentário como “Trash”. Motivo: Teste Bot Falhado (expirado) *]
    belo texto, matheus. vai casar comigo quando ein

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