Crítica: Cavalo (dir. Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti)

Texto: Erika Santos. Revisão: Larissa Lisboa.

Entender Cavalo é um trabalho de dentro; de alma. Entender a linguagem é o passaporte para sentir o filme. Em Cavalo o corpo é lugar de comunicação; o pé se une ao chão para nos falar do passado, as mãos indicam o que está por vir e os olhos nos guiam pelo agora. Os vários eus, aos poucos, revelam a unidade poética do filme. A conexão é  pelo corpo e o corpo é ponto de encontro do nós.

Cavalo não é sobre ancestralidade, não é sobre dança, não é sobre rap, não é sobre raça, não é sobre o ser. Cavalo é a unificação de todas essas expressões que formam um indivíduo de um lugar. Os fragmentos remontam o que sobrou da gente, remontam com as nossas mãos e com os nossos pés, ao modo que só quem enxerga o espelho à sua frente compreende a dimensão que o filme traz.

Cavalo é a expressão mais íntima dos nossos corpos. É nosso nu. Toda fragilidade, toda fraqueza, mas também todo rancor, toda revolta, nosso grito exposto. Cavalo parece gritar de dentro da gente, parece reviver os versos de Drummond nos indagando “se você gritasse, se você gemesse, se você cansasse, se você morresse, mas você não morre, você é duro”.

Cavalo é um filme para assistir de corpo fechado e aberto. Cavalo ensina a gente a se emocionar pelo se examinar, a entender que o corpo fala alto demais e a boca é pequena pra gente gritar. Cavalo é caminho de andar só, mas nunca estar sozinho.

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