Crítica: Minha Palavra é a Cidade (dir. Taynara Pretto)

Texto: Janderson Felipe. Fonte: Oficina de Crítica Cinematográfica

A cidade ganha a voz dos excluídos

São muitos os possíveis motivos que fazem um filme ser relevante. Em alguns casos é o valor histórico, em outros é a contribuição na arte de fazer cinema. No caso de Minha Palavra é a Cidade é o de ser porta-voz de um grupo de pessoas que pouco se vê ou tem direito à fala, justamente por serem marginalizadas.

O filme transparece a preocupação em tratar de igual para igual cada figura retratada em tela. Há um certo cuidado em respeitar os universos de cada um, porém com a honestidade necessária para que conheçamos a individualidade dentro de um ambiente maior: a cidade.

As agruras estereotipadas dos tratamentos que a favela e a periferia recebem nos noticiários de TV são combatidas com o dia a dia e a arte daqueles que habitam tais ambientes. São pessoas de verdade em tela. É o pernambucano que encontrou moradia em Maceió e a expressão no REP, o professor de Matemática que se divide entre o hip hop e a faculdade, a mulher que procura romper barreiras de gênero na sua arte e conscientizar a sua quebrada, o garoto sonhador que apenas quer ser criança.

A cidade, Maceió, ganha forma por cada uma dessas peças. São as várias quebradas. O beco do futebol da criançada, o terminal de ônibus, os becos, vielas, a praia usada como cartão postal e o abandono do poder público, tudo embalado ao som do hip hop. Taynara Pretto entrega uma cidade que é esquecida, mas vivida por muitos com consciência da situação que vivem e procuram entre os seus mudar essa cidade. É o grito dos excluídos, esbravejado pela força de sua sequência final.

Be the first to comment

Leave a Reply

Seu e-mail não será divulgado


*