Crítica: Mulher Pandêmica (direção coletiva*) e À sombra do vírus (dir. Fabinho Oliveira)

Texto: Breno Silva. Revisão: Leonardo Amaral. *Diretoras: Luiza Leal, Maria França, Mirella Pimentel, Tayná Nogueira y Yolanda Ribeiro.

Corpo e mente perdidos na pandemia

2020 foi um ano de excessos, a pandemia revelou várias formas de judiar do nosso físico quanto do nosso psicológico. A mostra Filmes do Fim Mundo traz dois curtas em particular que colocam esses aspectos de maneira evidente. À sombra do vírus e Mulher Pandêmica se debruçam sobre os efeitos da quarentena tanto de forma narrativa, quanto de forma sensorial.

O filme de Fabinho de Oliveira se segura em imagens desfocadas, fechadas, e que trabalham sempre com o objeto em primeiro plano, porque visa esse valor mais objetivo da imagem. O interesse é narrativo e busca evidenciar essa claustrofobia e um medo, de certa forma, lovecraftiano que a casa e alguns pequenos elementos imprimem.

A máscara possui essa presença que estremece o personagem toda vez que aparece de forma inusitada. O imaginário é construído ao redor desses componentes que assombram o Marcelo e que se recusam a sair de sua cabeça, o medo é palpável e físico, mas não conseguimos vê-lo. A angústia de Marcelo é a nossa.

Indo na contramão da proposta narrativa do curta acima, e propondo ser uma experiência estética antes de qualquer coisa, o filme coletivo Mulher Pandêmica apresenta elementos muito mais calcados no alcance de emoções em que a imagem e a narração podem proporcionar, mesmo optando pelo estranhamento que essas escolhas visuais representam. Surge em quem assiste um esvaziamento do que aquilo poderia significar, imagens que não revelam muito, são jogadas. O curta foca em trazer sensações através do experimentalismo da imagem e de mostrar o modo como a quarentena afeta a sua noção de eu, já que a personagem principal se fragmenta em várias.

Ao receber um pacote misterioso em sua porta, a(s) mulher(es) começa(m) a sofrer várias digressões oníricas e a ressignificar o próprio conceito de ser e estar no espaço-tempo. Dores causadas pelo isolamento. O filme sofre nessa articulação ilustrativa dos aspectos que deveriam representar uma fragmentação mental da personagem. O experimentalismo soa vazio, já que mesmo a desconexão entre as imagens sejam a intenção, não impactam em nada emocionalmente, a multiplicação das presenças parece genérica. Vários olhares, pensamentos múltiplos sobre a mesma história, noções que não se encaixam e não as tornam memoráveis.

5 Comentários em Crítica: Mulher Pandêmica (direção coletiva*) e À sombra do vírus (dir. Fabinho Oliveira)

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      Muito obrigado, querido!

  1. [* O plugin Shield Security marcou este comentário como “Trash”. Motivo: Teste Bot Falhado (caixa de seleção) *]
    Excelente reflexão

  2. [* O plugin Shield Security marcou este comentário como “Trash”. Motivo: Teste Bot Falhado (expirado) *]
    Texto muito bem feito! Concordo principalmente com a opinião do crítico sobre “Mulher Pandêmica”

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