Crítica: O Retirante (dir. Tarcísio Ferreira)

Texto: Aermerson Barros. Revisão: Larissa Lisboa

Sou deste Chão

Arapiraca fica no coração do estado Alagoas, foi nesta cidade que no outono de 2022 mais precisamente entre os dia 25 e 29 de maio  aconteceram as amostras de cinema competitiva e expositivas, do primeiro Festival de Cinema de Arapiraca, destaco a minha cidade que não tem tradição em cinema, pois daqui saiu um dos tesouros desta primeira edição, o documentário O Retirante que foi dirigido por Tarcísio Ferreira, aclamado pelo público que teve o privilégio de assistir a um trabalho que foi construído (percebe-se) com carinho e dedicação de quem também tem carinho e dedicação por esta cidade Agrestina. Jonhson Cavalcante é um autêntico cidadão da zona rural de uma cidade do interior que provavelmente jamais alcançaria um lugar ao sol, se não persistisse em correr atrás do seu sonho, um talentoso estilista encontrou nos olhares dos desenhos animados que via na TV em sua infância e na cultura e jeitos do povo de seu estado o desenho estiloso que ganharia as passarelas da Brasil e do Mundo, de Arapiraca para umas das capitais do mundo.

A cidade de São Paulo lhe proporciona o reconhecimento a ao alcançar tal reconhecimento o desejo de voltar para sua terra não sai de sua cabeça, porém para isso teria que ralar bastante, aprender cada vez mais e mais. Com as incertezas da vida nosso protagonista não desiste e finalmente eis que Jonhson, agora reconhecido fala da alegria que foi voltar, alegria essa que milhares de outros retirantes gostaria de ter. Jonhson traz consigo experiências, aprendizados e um desejo enorme de fazer algo por seu povo, o mesmo povo que o viu crescer, avó, tios e amigos.

A fotografia e os planos usados neste documentário são de uma delicadeza sem igual, ressalto em especial a trilha sonora e a montagem como os pontos mais fortes da produção. A música das destaladeiras de fumo e a música do cantor Janú sincronizam a fala e o orgulho de ser desta terra, deste chão, mesmo com a vida sofrida da labuta no campo e a falta de perspectivas até seus 25 anos. Jonhson fala com alegria da vida, que apesar de sofrida não deixa transparecer a dor, cita o fato de ser preto, pobre e gay, mais sem se colocar como pobrezinho ou coitadinho para que se tenha pena dele e sim para que tenham orgulho, e estabelece seu lugar como protagonista de sua vida.

Be the first to comment

Leave a Reply

Seu e-mail não será divulgado


*