Crítica: Retratos da nossa cor (dir. Carlos Alberto Barros)

Texto: Emanuella Lima.

O curta-metragem Retratos da Nossa Cor, de Carlos Alberto, que foi aclamado como o melhor filme da 14ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano, é uma obra cinematográfica que nos cativa ao abordar a rebeldia do fazer artístico em Alagoas. 

O filme nos leva a refletir sobre a história e a identidade do Estado, ao pintar Alagoas com as cores autênticas que a compõem. Inspirado na obra do pintor alagoano Mestre José Zumba, a narrativa poética é guiada pelos personagens inspirados nas obras do artista. Interpretado pelo performer José Marcos dos Santos, também conhecido como Topete, o paralelo entre Zumba e o personagem surge ao identificar a busca de um artista negro por sustento em tempos e espaços diferentes.

Ao contemplar as belas pinturas de Zumba, somos lembrados de que povo preto já estava presente em Alagoas antes mesmo de seu embranquecimento. Através dos corpos pintados nas telas enormes, testemunhamos a resiliência e a presença do povo negro na história do estado. O filme captura momentos diferentes do cenário alagoano, revelando a diversidade e a riqueza cultural que permeiam a região.

Em um Estado marcado pelo racismo estrutural, o movimento representado pelo filme busca alcançar uma perspectiva que transcende as nuances que se sobrepõem ao longo dos anos. Além de sua estética, o curta-metragem apresenta uma fotografia bem executada e uma trilha sonora envolvente, que nos conecta emocionalmente à narrativa.

Retratos da Nossa Cor se destaca por estar em sintonia com a perspectiva do cinema que resgata e conquista o lugar de fala. Ao ocupar espaços e contar histórias autênticas, o filme enriquece o cinema alagoano e contribui para a valorização da diversidade cultural do estado. É uma obra que nos convida a refletir e a apreciar a beleza e a importância da representatividade negra no cinema e na sociedade como um todo.

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