“No Intenso Agora”, de João Moreira Salles, tem exibição segunda-feira na mostra Arte Doc

Filme reflete sobre manifestações da década de 1960
 Fonte: Primeiro Plano Assessoria

“No Intenso Agora”, documentário escrito e dirigido por João Moreira Salles, terá sua estreia em Alagoas dentro da Mostra Arte Doc, com exibição na segunda-feira (30), às 18h45. O longa teve seu lançamento mundial na Berlinale 2017 – Festival Internacional de Cinema Berlim e foi considerado pela revista Variety como uma das dez melhores produções exibidas no evento.

O documentário é narrado em primeira pessoa e reflete sobre o que revelam quatro conjuntos de imagens da década de 1960: os registros da revolta estudantil francesa em maio de 68; os vídeos feitos por amadores durante a invasão da Tchecoslováquia em agosto do mesmo ano, quando as forças lideradas pela União Soviética puseram fim à Primavera de Praga; as filmagens do enterro de estudantes, operários e policiais mortos durante os eventos de 68 nas cidades de Paris, Lyon, Praga e Rio de Janeiro; e as cenas que uma turista – a mãe do diretor – filmou na China em 1966, ano em que se implantou no país a Grande Revolução Cultural Proletária.

 O filme busca uma reflexão sobre a natureza das imagens históricas. Quem as filma, por que as filma, como as filma? Haveria diferença entre registros realizados em regimes políticos diferentes? O que o arquivo revela de si mesmo sem que o espectador precise recorrer ao contexto histórico? Que tipo de imagem nasce do medo, do enlevo, do risco, da urgência, da alegria? A reflexão se estende ao cinema documental surgido naquele período, quando estudantes e professores trocaram a aridez teórica da sala de aula pela ação militante da rua.

O longa já foi convidado a participar de mais de 20 festivais internacionais. Além da Berlinale, destacam-se: o 15º Yamagata International Documentary Film Festival, um dos mais importantes festivais de documentários da Ásia, no qual venceu o prêmio especial do júri de melhor Documentário; o Cinéma Du Réel – Festival Internacional de Documentários, na França, onde conquistou três prêmios: melhor trilha (Rodrigo Leitão) e melhor filme pela Scam (Sociedade civil dos autores multimídia) e pelo júri das bibliotecas; e ainda o 65º Festival de San Sebastián, na Espanha; e o DocAviv Film Festival, em Israel, na prestigiosa Master Section.

Como parte do pré lançamento do filme, tanto o site (www.nointensoagora.com.br) quanto o facebook (www.facebook.com/nointensoagora), apresentam um conteúdo extra com o objetivo de ampliar as discussões levantadas pelo documentário. O jornalista Bruno Torturra conduz uma série de entrevistas com personagens que participaram intensamente de grandes mobilizações de rua no Brasil e no mundo. E vai discutir como eles entendem a transição das lutas utópicas para a realidade política. Tratando de alguns temas que o documentário aponta e sugere, a série vai buscar paralelos e contrastes entre 1968 e outros momentos de catarse política, como as recentes primaveras globais e o sentido de junho de 2013. Entre mais de 10 nomes, na lista de entrevistados estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Alfredo Sirkis, que viveram as tensões políticas de 1968; o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, a economista e ativista Alessandra Orofino, a ativista Rebeca Lerer e a cineasta e documentarista Julia Mariano, personagens que participaram de Junho 2013 em diferentes papéis.

SOBRE JOÃO MOREIRA SALLES

João Moreira Salles, documentarista, iniciou sua carreira em 1985, ano em que fundou, ao lado de seu irmão Walter Salles, a VideoFilmes, focada na produção de documentários e de filmes de ficção, entre eles Central do Brasil (1998), Notícias de uma Guerra Particular (1999), Abril Despedaçado (2002), Cidade de Deus (2002), Madame Satã (2002) e Nelson Freire (2003). Nos últimos oito anos, Salles e a VideoFilmes produziram todos os documentários do aclamado documentarista brasileiro Eduardo Coutinho e a empresa recebeu mais de 300 prêmios internacionais.

Em 1987, Salles dirigiu China, o Império do Centro e escreveu o roteiro de Krajcberg, o Poeta dos Vestígios, que lhe rendeu os prêmios de Melhor Documentário de Pesquisa do Festival dei Popoli (Florença, Itália), Melhor Documentário do Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano (Havana, Cuba) e o Tucano de Ouro de Melhor Programa de TV do Rio de Janeiro no V Fest-Rio (Brasil).

Em 1989, dirigiu o documentário América, que recebeu o prêmio de Melhor Programa Jornalístico do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). No mesmo ano, dirigiu o documentário Poesia é Uma ou Duas Linhas e Por Trás uma Imensa Paisagem, sobre a poeta Ana Cristina César, que ganhou o grande prêmio do Festival Internacional Fotoptica.

Em 1990, dirigiu o documentário para televisão Blues, que ganhou o prêmio especial do júri no Festival Internacional du Film D’Art, no Centro Georges Pompidou (Beaubourg, Paris, França). No ano seguinte, lecionou curso de Filmagem de Documentário na Conferência de Igrejas de Toda a África (AACC, em inglês), em Nairóbi, Quênia.

Em 1995, dirigiu Jorge Amado e em 1998, lançou a série documental Futebol, codirigida com Arthur Fontes, indicada ao Emmy de Melhor Documentário Internacional e selecionada como finalista do Festival Internacional do Documentário de Amsterdam (IDFA). Também participou do Festival de Cinema de Nova Iorque, como um dos finalistas para a América Latina.

Em 1999, codirigiu com Kátia Lund Notícias de uma Guerra Particular (Melhor Documentário no festival “É Tudo Verdade”; Recebeu indicações ao Emmy e para o Festival de Cinema de Nova Iorque, em 2000). Em 2003, dirigiu o documentário Nelson Freire, premiado como Melhor Documentário do Ano pela APCA e pela Academia Brasileira de Cinema.

Em 2004, dirigiu o documentário Entreatos, sobre os bastidores da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Desde 2006, é editor da Piauí, lançada por ele no Rio.

Em 2007, dirigiu Santiago (Melhor Documentário no Festival Cinéma du Réel, em Paris; no Alba Film Festival, na Itália; Melhor Documentário do Ano pela Academia Brasileira de Cinema).

Em 2015, produziu Últimas Conversas, último documentário de Eduardo Coutinho, que faleceu em 2014.

 SINOPSE

Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial e mais aguda da Revolução Cultural, No Intenso Agora trata da natureza efêmera dos momentos de grande intensidade. Às cenas da China somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor medida, no Brasil, a partir das quais, na tradição dos filmes-ensaio, tenta-se investigar como aqueles que tomaram parte naqueles acontecimentos seguiram adiante depois do arrefecimento das paixões. As imagens, todas elas de arquivo, revelam não só o estado de espírito das pessoas filmadas – alegria, encantamento, medo, decepção, desalento – como também a relação entre registro e circunstância política. O que se pode dizer de Paris, Praga, Rio de Janeiro e Pequim a partir das imagens daquele período? Por que cada uma dessas cidades produziu um tipo específico de registro?

SERVIÇO:

O quê: Exibição do filme “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles, na Mostra Arte Doc

Onde e quando: No Centro Cultural Arte Pajuçara, segunda-feira (30), às 18h45

Ingresso:

Preços por sessão: R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia-entrada).

Passaporte Inteira: R$ 70
Passaporte meia-entrada: R$ 35

Informações:

artepajucara.com.br

 

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